Sexta-feira, 30 de setembro de 2022
Na Carta de hoje, o criador do termo Metaverso apresenta uma proposta estruturada de uma incrível plataforma aberta – e bem diferente do que as pessoas têm chamado de Metaverso por aí…Na linha da “privacidade que acabou”, igrejas talvez estejam passando dos limites na aplicação de tecnologia. E, nas sempre muito bem-vindas evoluções de tecnologia na saúde, uso de wi-fi para detectar Parkinson e edição genética sendo aplicada para corrigir doenças diretamente no corpo humano. E finalizo com o curioso caso da “assombração” em voos nos EUA…
🌐 O Metaverso de Neal Stephenson
A startup de tecnologia blockchain Lamina1 de Neal Stephenson – o primeiro a cunhar o termo “metaverso” em seu romance Snow Crash, de 1992 – divulgou um “White Paper”, documento informativo que descreve a construção de um Metaverso aberto, que será construído e disponibilizado para as comunidades, em uma blockchain de camada 1, ferramentas interoperacionais e serviços descentralizados otimizados.
O projeto ainda está na fase inicial de produção de conteúdos originais mas Neal Stephenson promete um mundo virtual interativo ricamente imaginativo com uma história original inesquecível.
Segundo a Lamina1, o Metaverso representa a evolução de nossas vidas online, em que a criação, exploração, socialização e até mesmo negociação será fluida, em mundos 2D e 3D. O projeto visa revisar os modelos de negócios que atualmente são centralizados na Web2, com o objetivo de empoderar criadores e consumidores com capacidade de gerenciamento, autonomia e privacidade.
Para isso, a empresa se propõe a oferecer infraestrutura crítica para viabilizar a um mercado de um trilhão de dólares que estima-se que o Metaverso aberto pode alcançar.
“A força da base técnica da Lamina1 será validada pela capacidade de nosso próprio criador, Neal Stephenson, de entregar sua visão inspirada e baseada em princípios do que o Open Metaverse pode ser. Empregamos a história como uma ferramenta poderosa para contextualizar e impulsionar o desenvolvimento criativo e técnico necessário para construir um universo virtual imbuído de humanidade”, disse o white paper.
No artigo, Stephenson disse: “Forças econômicas inexoráveis levam os investidores a pagar o mínimo possível aos artistas, enquanto direcionam sua produção criativa nas direções que envolvem o menor risco financeiro”.
A Web2 introduziu um período de rápida inovação e acesso sem precedentes a entretenimento, informações e bens em escala global. Os aplicativos que utilizamos hoje são vitrines digitais e facilitam o engajamento e negociações com clientes, mas beneficiam as grandes corporações, de uma forma desregulada, que possuem e controlam esse crescente e lucrativo ecossistema de conteúdo e dados pessoais. O comportamento do consumidor, registrado em servidores centralizados destas empresas, ofereceu uma visão privilegiada e constante de como monetizar a emoção e a atenção humana, disse Lamina1.
A Web3 vislumbra um mundo melhor por meio do redesenho cuidadoso de nossas vidas online, instituindo uma defesa mais forte de nossos interesses, nossa liberdade e nossos direitos, disse a empresa.
Que esta ideia possa vingar. Gosto muito dela!
Vale a pena conferir os detalhes da notícia no Venturebeat.
⛪ Igrejas utilizam aplicativo de vigilância para combater pornografia
Um jovem evangélico chamado, Grant Hao-Wei Lin, da igreja Gracepoint, se apresentou ao seu líder por acreditar que seria expulso por ser homossexual. De acordo com o líder, Deus ainda o amava apesar de sua “luta contra a atração pelo mesmo sexo”.
No entanto, no encontro individual na semana seguinte, Hao-Wei Lin foi instruído a instalar um aplicativo chamado Convenat Eyes em seu celular. O app é explicitamente comercializado como software anti-pornografia, mas de acordo com Hao-Wei Lin, seu líder da igreja disse a ele que ajudaria a “controlar todos os seus impulsos”.
O Covenant Eyes faz parte de um ecossistema multimilionário dos chamados aplicativos de responsabilidade que são comercializados para igrejas e pais como ferramentas para policiar a atividade online.
Ao pagar uma taxa mensal, alguns desses aplicativos monitoram tudo o que seus usuários veem e fazem em seus dispositivos, até mesmo tirando capturas de tela (pelo menos uma por minuto, no caso do Covenant Eyes) e espionando o tráfego da web.
Por fim, os aplicativos relatam um feed de todas as atividades online dos usuários diretamente para um acompanhante – um “parceiro de responsabilidade”, no jargão dos aplicativos. Quando a WIRED apresentou suas descobertas ao Google, no entanto, a empresa determinou que dois dos principais aplicativos de responsabilidade – Covenant Eyes e Accountable2You – violam suas políticas.
Vale ressaltar que em casos de vícios e outros problemas psicológicos, o tratamento deve ter o acompanhamento de profissionais qualificados. Devemos sempre lembrar que nossa privacidade faz parte da nossa liberdade, e com isso vem a responsabilidade.
Eu acho que algumas iniciativas passam de todos os limites do bom-senso. E você? O que acha?
Confira a notícia completa no Wired.
🤕 Dispositivos que podem rastrear a progressão da doença de Parkinson em pacientes
Atualmente, a doença de Parkinson é uma das doenças neurológicas que mais crescem, acometendo cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Infelizmente não há cura, mas há tratamento, embora os médicos encontrem dificuldades para rastrear sua gravidade e progressão.
A avaliação padrão é feita geralmente com testes de habilidades motoras e funções cognitivas durante as visitas clínicas nos pacientes. Essas medidas, até certo ponto subjetivas, são muitas vezes distorcidas por fatores externos – talvez um paciente esteja cansado após uma longa viagem até o hospital. Mais de 40% dos indivíduos com Parkinson nunca são tratados por um neurologista ou especialista em Parkinson, muitas vezes porque moram muito longe de um centro urbano ou têm dificuldade em viajar.
Diante desta dificuldade, pesquisadores do MIT e outros locais demonstraram um dispositivo doméstico que pode monitorar o movimento e a velocidade da marcha de um paciente, sendo uma forma de avaliar a gravidade do Parkinson, a progressão da doença e a resposta do paciente aos medicamentos.
Trata-se de um aparelho sem fio, do tamanho de um roteador Wi-fi, que coleta dados passivamente por meio de ondas de rádio que refletem no corpo do paciente enquanto ele se move pela casa. Uma forma não invasiva, o paciente não precisa usar um gadget ou mudar seu comportamento.
Um estudo recente, por exemplo, mostrou que esse tipo de dispositivo pode ser usado para detectar Parkinson a partir dos padrões respiratórios de uma pessoa durante o sono.
Os pesquisadores reuniram 50 pacientes numa casa e conduziram um estudo durante 1 ano. Eles mostraram que, usando algoritmos de aprendizado de máquina para analisar os dados coletados passivamente (mais de 200.000 medições de velocidade da marcha), um clínico poderia rastrear a progressão de Parkinson e a resposta à medicação de forma mais eficaz do que com avaliações periódicas na clínica.
A pesquisa oferece alguns insights importantes, por exemplo: as flutuações diárias na velocidade de caminhada de um paciente correspondem à forma como eles estão respondendo à medicação – a velocidade de caminhada pode melhorar após uma dose e depois começar a diminuir após algumas horas, à medida que o impacto da medicação desaparece.
Um clínico pode usar esses dados para ajustar a dosagem da medicação de forma mais eficaz e precisa. Isso é especialmente importante, pois os medicamentos usados para tratar os sintomas da doença podem causar sérios efeitos colaterais se o paciente receber muito.
“Esse sensor de ondas de rádio pode permitir que mais cuidados (e pesquisas) migrem dos hospitais para a casa, onde é mais desejado e necessário”, diz Ray Dorsey, professor de neurologia do Centro Médico da Universidade de Rochester.
O trabalho está na fase inicial, mas já demonstra um grande potencial. ADOREI a iniciativa!
Confira os detalhes no News.mit. edu
🧬 Crispr demonstra resultados promissores na edição de genes dentro do corpo humano
Há 10 anos, Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier descreveram um sistema imunológico natural encontrado em bactérias como uma ferramenta para editar os genes de organismos vivos. Um ano depois, em 2013, Feng Zhang e seus colegas do Broad Institute of MIT e Harvard relataram o uso dessa mesma técnica, conhecida como Crispr, para editar em laboratório células humanas e animais.
O trabalho das equipes levou a uma corrida para usar a Crispr no tratamento de complicações genéticas e rendeu um Prêmio Nobel de Química para Doudna e Charpentier em 2020. De fato, muitas enfermidades surgem de mutações genéticas, portanto, se a Crispr puder eliminar ou substituir um gene anormal, ela poderá, em teoria, corrigi-las.
Mas, transformar as descobertas feitas em laboratório na edição de genes no local do corpo humano que precisa de tratamento sempre foi um desafio.
Até então, a opção era fazer a correção fora do corpo e aplicar de volta, algo que não funciona para todas as doenças. Mas novos estudos indicam que as chances de usar a técnica Crispr diretamente no indivíduo já são uma possibilidade.
Para editar as células dos pacientes fora do corpo e tratar distúrbios sanguíneos, os cientistas da empresa de biotecnologia Crispr Therapeutics extraem os glóbulos vermelhos, corrigem a mutação causadora de doenças e os colocam de volta no corpo.
Mas essa abordagem tem algumas desvantagens. É complexa de administrar, custa caro e é limitada, visto que a maioria das doenças ocorre em células e tecidos que não podem ser facilmente retirados do corpo, tratados e colocados de volta.
Por isso, o objetivo era encontrar uma alternativa para aplicar a Crispr de maneira “in vivo”, ou seja, na própria pessoa. Em 2021, a empresa Intellia Therapeutics foi a primeira a demonstrar que isso era possível no tratamento de amiloidose por transtirretina, que resulta em complicação cardíaca: nesse caso, 12 pessoas tiveram redução em 90% de uma proteína prejudicial. Esses resultados baseiam-se em dados de estudos publicados no The New England Journal of Medicine.
Na última semana, a Intellia anunciou, em conferência na Alemanha, o uso da Crispr em uma doença rara chamada angioedema hereditário, a aplicação conseguiu reduzir o sintoma de inchaço em seis pessoas.
Embora os dois ensaios sejam pequenos e os estudos mais recentes ainda não tenham sido publicados em uma revista científica revisada por pares, Yan Zhang, que estuda Crispr e é professor assistente de Química Biológica da Universidade de Michigan, nos EUA, afirma que os resultados são um “marco importante” para edição genética. “No geral, os dados positivos recentes da Intellia são promissores no sentido de usar a técnica para editar genes no interior do corpo humano”, diz.
Os componentes Crispr não entram naturalmente nas células, então a Intellia usa um sistema de entrega chamado nanopartículas lipídicas – que são pequenas bolhas de gordura – para transportá-las até o fígado.
Nos testes, os pacientes recebem uma infusão intravenosa única dessas nanopartículas carregadas de Crispr nas veias de seus braços. Como o sangue passa pelo fígado, as bolhas viajam para lá através da corrente sanguínea. Uma vez no fígado, são absorvidas por células chamadas hepatócitos e, dentro delas, se decompõem e deixam a Crispr trabalhar na edição do gene problemático.
Saiba mais desta descoberta magnífica no assunto na Wired!
🗣️ Gemidos estranhos assombram voos da American Airlines
Recentemente várias pessoas relataram o som de uma voz estranha gemendo nos sistemas de anúncios de voo da American Airlines, em alguns casos acontece durante os voos – o mais bizarro é que ninguém sabe quem está por trás da voz.
Um rapaz chamado Emerson Collins gravou um vídeo de seu voo em Denver, e postou em seu Twitter, o relato ganhou repercussão por várias pessoas que também experienciaram isso acontecer em voos diferentes da American Airlines.
Há relatos de pessoas que presenciaram situações semelhantes desde julho. Todos os incidentes conhecidos passaram pela grande área de Los Angeles (incluindo Santa Ana) ou Dallas-Fort Worth.
A companhia aérea foi questionada, e a resposta é de que há um problema mecânico com o amplificador de PA.
“Nossa equipe de manutenção inspecionar minuciosamente a aeronave e o sistema de PA e determinou que os sons foram causados por um problema mecânico com o amplificador de PA, que aumenta o volume do sistema de PA quando os motores estão funcionando”, disse Sarah Jantz, porta-voz da American.
Bem, esta resposta não parece ter convencido as pessoas, pois o som parece de voz humana, levantando perguntas de como um mau funcionamento do amplificador pode transmitir o que soa como uma voz humana sem acesso externo? Em voos diferentes? Eles parecem estar dizendo que a fonte é artificial, mas alguém já ouviu barulho artificial que soe humano?
Algumas pessoas acreditam firmemente que não é uma voz humana, mas ruído artificial ou feedback de áudio filtrado pelo sistema de anúncios.
Por enquanto o mistério ainda segue sem explicação, mas caso queira ouvir o áudio e tirar suas próprias conclusões acesse o Waxy.org… já adianto que é bastante estranho. Este mundo de tecnologia sempre nos surpreende, não é? rs 😅
Por hoje é só, até semana que vem!
Renato Grau