Carta do Especialista 24/06/2022

2022-06-24


Carta do Especialista

Sexta-feira, 24 de junho de 2022

Será que é possível identificar a origem da consciência humana através da computação quântica? E, numa linha semelhante, assim como na série “Upload” da Amazon Prime, podemos transferir nossas consciências para o mundo digital ou, nos dias de hoje, para o Metaverso? Um pesquisador brasileiro está garantindo que sim… E voltando ao mundo quântico, em Chicago, cientistas estão testando, pela primeira vez, a internet quântica. Depois, indo para o Chile, e falando de soluções um pouco mais fáceis de entender, conheça uma impressora 3D de alimentos. E finalizaremos nossa viagem na Índia, ainda falando de alimentos, uma nova tecnologia que está ajudando a diminuir as grandes perdas que poderiam alimentar muito mais gente.

🧠 Teoria da Origem quântica da consciência

Um dos maiores mistérios da mente humana é a origem da consciência. Há anos cientistas procuram formas de identificar porque somos únicos na natureza. Uma teoria proposta seria relacionar a consciência a cálculos quânticos no cérebro. Este estudo foi desenvolvido por Oxford Roger Penrose, um físico matemático, premiado pelo Nobel e Stuart Hammeroff, da Universidade do Arizona, em Tucson.

Eles partiram da ideia de que a gravidade desempenha um papel em que os efeitos quânticos desaparecem ou “colapsam”. Porém uma série de experimentos em laboratório ainda não conseguiu encontrar evidências que apoiassem um modelo quântico relacionado a gravidade, descartando, pelo menos por ora, esta explicação da consciência, conforme publicado na revista Physics of Life Reviews.

“Como a consciência surge no cérebro é um grande quebra-cabeça”, diz Catalina Curceanu, membro do Think Tank de física, o FQXi (Foundational Questions Institute), e a física líder nos experimentos do INFN em Frascati, Itália. “Existem muitas ideias concorrentes, mas muito poucas podem ser testadas experimentalmente.”

Bem, talvez você já tenha ouvido sobre o experimento “o gato de Schrödinger”, que é um estudo mental, paradoxal, onde o gato está dentro de uma caixa podendo estar vivo ou morto ao mesmo tempo. Isso é o que a física quântica nos diz.

A explicação para isso é complexa, pois em paralelo com nosso cérebro, seu caráter quântico permite que ele esteja em dois estados contraditórios simultaneamente e assim a há a probabilidade de “colapsar” ou ser destruído se for mais massivo, deixando-o em um estado definido, morto ou vivo, mas não os dois ao mesmo tempo.

Penrose e Hammeroff desenvolveram seu modelo de consciência relacionado à gravidade atuando em objetos pesados, como o gato, no “Orch OR Theory” (teoria da redução objetiva orquestrada), na década de 1990. Curceanu se interessou pela teoria “Orch OR” quando conheceu Penrose, também membro do FQXi, em uma conferência há alguns anos.

A consciência geralmente não está associada a propriedades quânticas porque os efeitos quânticos são frágeis e difíceis de manter mesmo sob condições altamente controladas e temperaturas frias no laboratório. Sendo assim, a suposição mais aceita é de que o ambiente quente e úmido do cérebro seria muito perturbador para permitir que os efeitos quânticos sobrevivessem.

No entanto, Penrose explicou que ele e Hammeroff encontraram pequenas estruturas chamadas microtúbulos dentro de neurônios no cérebro que poderiam sustentar efeitos quânticos por curtos períodos – tempo suficiente para realizar cálculos quânticos.

“O que eu adorei nessa teoria foi que ela é, em princípio, testável e decidi procurar evidências que pudessem ajudar a confirmá-la ou falsificá-la”, diz Curceanu.

Vamos concordar que este assunto é bem “cabeçudo”, não é? Mas muiitoooo interessante…

Vale a pena conferir mais detalhes no Phys.org e continuar acompanhando as pesquisas.

🌐 Internet Quântica segura

Cientistas do Chicago Quantum Exchange (CQE) da Escola Pritzker de Engenharia Molecular da Universidade de Chicago divulgaram recentemente que pela primeira vez conectaram a cidade de Chicago a laboratórios suburbanos com uma rede quântica.

A rede agora executa protocolos de segurança quântico com a ferramenta fornecida pela Toshiba, distribuindo chaves quânticas por cabos de fibra ótica com velocidade de 80.000 bits quânticos por segundo entre Chicago e os subúrbios do oeste.

A participação da empresa japonesa, Toshiba, no projeto torna a rede de Chicago uma cooperação “tripla hélice” entre academia, indústria e governo. Abordamos sempre a importância deste trabalho corporativo em nosso movimento www.brasil60.org.br. O resultado deste trabalho é um passo em direção a uma internet quântica nacional, que terá impacto profundo nas comunicações, computação e segurança nacional.

“Embora essa rede seja impressionante em seu escopo, é ainda mais importante como um teste de experimentação sobre como as redes quânticas podem ser usadas. Estamos ansiosos para trabalhar com o CQE para explorar o desenvolvimento de arquiteturas de rede quântica que conectam sensores quânticos e computadores de maneiras novas, interessantes e úteis”, disse Jay Lowell, cientista-chefe da equipe de Computação e Redes Disruptivas da Boeing.

Embora a ascensão dos computadores quânticos imprima um grande potencial de oportunidades, espera-se que sejam capazes de resolver problemas que são quase impossíveis para computadores comuns como a quebra de criptografia.

Em abril, os legisladores do Congresso introduziram o Quantum Cybersecurity Preparedness Act, que prioriza a criptografia oportuna de informações confidenciais à prova de quantum, para que a segurança dos dados seja mantida, até mesmo quando computadores quânticos mais fortes se tornarem realidade.

“É fundamental que desenvolvamos tecnologia à prova quântica para nos defender proativamente contra ameaças do futuro quântico.” – Yasushi Kawakura, vice-presidente de soluções digitais da Toshiba.

Saiba mais no News.uchicago.edu

👼 Vida após a morte no Metaverso

Um cientista brasileiro criou um Metaverso, onde será possível “viver” eternamente, por meio de avatares conscientes, mesmo após a morte. A mesma estória muito bem contada na série “Upload” da Amazon Prime. Recomendo assistir, inclusive.

Transferir sua mente para computadores, para mantê-lo vivo dentro de um ambiente digital parece coisa de ficção científica, no entanto, está cada vez mais provável de acontecer por meio do projeto “Legathum” desenvolvido pelo neuropsicólogo brasileiro Deibson Silva.

O projeto une neurociência, inteligência artificial e tecnologia blockchain e está construindo uma espécie de Metaverso destinado ao legado de pessoas e organizações. O objetivo do projeto, segundo Deibson, é: “eternizar as memórias humanas e dar-lhes vida em um ambiente interativo para que todas as gerações possam aprender e conviver com o conhecimento humano.”

Vale ressaltar que o processo será feito com as devidas autorizações do indivíduo ainda em vida.

O questionamento que fica é, será que ainda continuará sendo você?… É o paradoxo do “Navio de Teseu”.

Deibson Silva se formou em neuropsicologia na Faculdade de medicina na USP e, desde 2013 estuda comportamento humano. Ele lançou o “Assessment”, software de análise comportamental utilizado por mais de 1,2 milhões de pessoas em todo mundo e cuja metodologia já formou mais de 11 mil profissionais do Brasil, EUA, Portugal e Angola.

A nova ferramenta “Legathum” usa diferentes tecnologias a fim de manter vivo o legado das pessoas mesmo após a morte, explica o desenvolvedor. O projeto teve a colaboração de outros cientistas de dados, Alice Hua e Tim Chen, especialistas em inteligência artificial formados pela Universidade da Califórnia.

Funciona como uma espécie de clone digital, nela contém um “bot” com inteligência artificial que interage com as pessoas, via conversas e arquivos, e traça o perfil dos interessados em participar do Legathum.

Atualmente existem dois avatares conscientes criados para demonstrar a funcionalidade da plataforma e o potencial da tecnologia. São as versões virtuais de Steve Jobs e Albert Einstein.

“Eles foram criados a partir da compilação de dados (textos, áudios, vídeos, estudos, biografias e mapeamento de personalidade) extraídos de domínio público disponíveis em toda internet mundial e que através da inteligência artificial poderão interagir com os usuários.”

E para acessar a plataforma de experiências e aprendizado do Legathum, será necessário ter o META Legathum, o token nativo da plataforma e que dará ao usuário acesso a todos os produtos e serviços disponíveis no metaverso.

E, enquanto eu escrevia a respeito deste tema, a Amazon anunciava que a Alexa vai poder imitar a voz de pessoas mortas…Junte as notícias e veremos um mundo bem estranho, né? rs

Saiba mais no Cointelegraph.

🍙 Alimentos impressos em 3D estarão no cardápio das crianças chilenas

Com uma impressora de alimento 3D, algumas algas “cochayuyo” desidratadas, um pouco de purê de batatas instantâneo e água quente, especialistas em nutrição no Chile esperam desenvolver uma comida que revolucionará o mercado alimentício.

Esta alga cochayuyo é tradicionalmente encontrada no Chile, Nova Zelândia e Atlântico Sul. O projeto foi idealizado pelo professor Roberto Lemus, da universidade do Chile em conjunto com vários alunos que conseguiram criar alimentos nutritivos em formatos de figuras divertidas para que as crianças gostem ainda mais da ideia.

A escolha da figura é feita previamente na impressora 3D, podendo ser qualquer animal imaginável como um Pokémon, junto com a mistura gelatinosa. Após 7 minutinhos a comida fica pronta.

“Procuramos figuras diferentes, figuras divertidas… visuais, cores, gostos, sabores, cheiros”, disse Lemus à AFP. Ele complementa dizendo: “O produto tem que ser altamente nutritivo para as pessoas, mas também tem que ser saboroso”

Esta tecnologia atualmente é bastante cara, saindo de US $4.000 chegando a custar US $10.000, mas o professor espera que com os avanços tecnológicos o custo diminua, tornando mais acessível a impressora de alimentos 3D.

Por enquanto, os alimentos 3D estão em fase de desenvolvimento em diversos países. Já é possível projetar doces, massas e alguns outros alimentos. Vamos lembrar que a NASA vem testando, desde 2013, ideias para diversificar o cardápio dos astronautas no espaço. Que esta possa ser uma que irá vingar!

Saiba mais no France24.

🥬 O fim do desperdício de comida

Já que o assunto é criar comida com a tecnologia, podemos utilizá-la também para combater o desperdício, não acha?

De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), quase um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado ou perdido antes de poder ser consumido. Para se ter uma ideia, todos os alimentos que atingem o limite de validade somam o dobro da quantidade suficiente para alimentar as pessoas desnutridas do mundo.

Enquanto a maior parte do desperdício de alimentos no Ocidente acontece no consumidor final, na Índia é diferente, o desperdício acontece ao longo da cadeia de suprimentos, pois é liderada pela oferta e o desperdício começa na própria fonte. Outro agravante é que os agricultores carecem de dados e informações em tempo real e ficam se baseando em tendências passadas e em seus próprios instintos.

Para solucionar o problema, a cadeia de suprimentos deve ser liderada pela demanda, com os agricultores sabendo com mais clareza o que, quanto e quando cultivar. Ao utilizarem as tecnologias de IA e ML, os agricultores recebem as informações sobre a demanda diária coletada e podem compartilhar insumos.

E mais, eles podem dar lances em um aplicativo e receber pedidos de compras de lojistas/clientes antes mesmo da colheita, dando aos trabalhadores maior controle que anteriormente não era possível. Além disso, sistemas como esses permitem que os agricultores saibam a saúde do solo e as condições agroclimáticas, incluindo recomendações práticas e seguras em relação a pesticidas e fertilizantes e como manter o produto final fresco.

Os produtos ainda passam por uma verificação antes de serem enviados para os centros de distribuição. Caso precisem de mais processamento, são utilizadas unidades como fábricas e unidades de celulose. Após isso, o produto é levado para os centros de distribuição automatizados para triagem e alocação aos clientes.

A projeção é que no futuro a economia alimentar seja mais eficiente e sustentável. Com uma combinação perfeita de tecnologia, automação, inovação em toda a cadeia de valor, o desperdício de alimentos e várias outras ineficiências podem ser minimizados.

Saiba mais no Time Of India.

Por hoje é só, até semana que vem!

@Renatograu | Linktree



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