Carta do Especialista 24/02/2023

2023-02-25


Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Na sexta-feira de ressaca pós-carnaval, estou pensando se deixei meu celular ligado e se o Tik Tok ficou me vigiando durante o feriado. Será que ele mesmo concluiu que passei dias alegres com minha família e amigos? E, se isto aconteceu, pode ser que eu tenha feito gente perder dinheiro… Entenda o porquê. Ainda falando neste mesmo TikTok, saiba se ele está sendo responsável por um desafio que leva seus usuários a se transformarem em ladrões de carros. Temos tido más notícias há muito tempo de que esta rede social está querendo mexer com as nossas mentes mas, por outro lado, uma ótima notícia: uma startup que se propõe a fazer com que pacientes com paralisia voltarem a movimentar, através de implantes cerebrais não invasivos. Bem mais nobre, né? Finalizo a Carta de hoje muito empolgado com outros grandes avanços da tecnologia na medicina, mais especificamente, nos tratamentos do Mal de Parkinson.

Leia os artigos.

🥺😃A nova funcionalidade assustadora do TikTok que visa monetizar suas emoções
Tiktok está lançando mais um recurso de monitoramento, o “Focused View” — ou Visualização focada — uma maneira de rastrear as emoções do usuário para vender mais anúncios.
Parece que mais uma vez, a série de TV Black Mirror acertou em suas “previsões de futuro”: o TikTok pode estar explorando as informações dos usuários como parte de um novo recurso para seus anunciantes. Estima-se que somente na Europa, 200 milhões de pessoas podem ser afetadas, boa parte menores de idade. E a empresa não parece estar preocupada com a violação da privacidade, já que esta não é a primeira vez que o TikTok ignora estes direitos.
O Tik Tok, com o Focused View, promete aos anunciantes maximizar os seus lucros com anúncios na plataforma, garantindo a transmissão para usuários que estão “realmente prestando atenção”. As marcas só pagarão pelos anúncios em que houver engajamento, o que significa que a pessoa terá que assistir voluntariamente por pelo menos 6 segundos ou interagir com o anúncio dentro desse prazo.
Ao descrever o que significa “realmente prestar atenção”, o TikTok se refere a duas palavras: estar “emocionalmente” e “tangivelmente” engajado. Certo, mas como a plataforma saberá reconhecer nossas emoções? Até o momento, as especulações são de que seria possível acessar a câmera do celular para rastrear os olhos e movimentos da cabeça, e assim reconhecer a emoção.
Até o momento as únicas tecnologias de “reconhecimento de emoções” que, por sinal, coletam dados preciosos e altamente sensíveis, para muitos especialistas, não passam de pseudociência não verificada. Na opinião deles, ainda que fosse possível, seria uma forma abusiva de vigilância.
No entanto, o TikTok parece engajado nesta empreitada: a empresa já encomendou diversos projetos de reconhecimento de emoções, financiando pesquisas controversas de neurotecnologia/neuromarketing como, por exemplo, o estudo em parceria com a MediaSciense, cuja finalidade era a mesma que o Focused View se propõe a fazer. Para a pesquisa, o TikTok usou rastreamento ocular, monitoramento da frequência cardíaca e outras abordagens para derivar métricas de atenção cognitiva para medir como a publicidade afeta os consumidores tanto no nível “declarado” quanto no “subconsciente”. Eles descobriram que quando as pessoas visualizam anúncios por seis segundos, há resultados fortes indicando “engajamento psicológico” que supostamente gera um “sentimento de marca positivo”. Mas, como esperado neste contexto, há controvérsias sobre a veracidade desta pesquisa. Será que a empresa possui informações que não quer que saibamos?
“A mera coleta de informações sobre seu nível de atenção, seu estado emocional ou simplesmente por quanto tempo você presta atenção a um anúncio representa rastreamento altamente invasivo e intrusão em seu estado mental privado. Nossas emoções são uma parte íntima do nosso ser. Elas estão diretamente ligadas à nossa autonomia e dignidade pessoal e são protegidos contra interferências pelos direitos à privacidade e à liberdade de pensamento”
Esta não é a primeira vez que a empresa viola os direitos à privacidade do usuário. Na Europa o TikTok já está sob investigação: as autoridades da UE lançaram várias investigações para examinar a suposta transferência de dados do TikTok para a China, apontando o risco que isso representa para a privacidade das pessoas. Na Holanda, três organizações lançaram uma ação coletiva acusando o TikTok de violar a privacidade de menores de idade. A autoridade francesa de proteção de dados multou o TikTok em oito milhões de euros por violações de privacidade relacionadas ao rastreamento.
Por ora, não há uma proibição concreta do uso de tecnologias de reconhecimento de emoções, mas vale salientar a importância de ficarmos atentos quanto a tecnologias que se dizem quererem “melhorar a experiência do usuário”. Lembre-se: se você não está pagando nada por aquilo que está utilizando, você é o produto. Principalmente os pais, devem prestar atenção no que as crianças consomem e o que elas compartilham na internet.
O TikTok pretende lançar uma nova Era de entretenimento, que visa a cativação total das pessoas a qualquer custo, e muitas empresas de tecnologia corroboram com isto e querem sua fatia do bolo. Esta tendência está gerando um impacto negativo nas pessoas sobre seus direitos humanos.
É questão de tempo para que as demais empresas sigam o mesmo caminho, a menos que os reguladores e legisladores impeçam que as mídias sociais violem a privacidade dos usuários para obterem lucro ou até para outros fins.

Fonte: AccessNow

🚗 Desafio viral no TikTok resulta em roubo de milhares de carros

Já que o assunto de hoje é TikTok, saiba de outra “bomba”: recentemente as empresas Hyundai e Kia tiveram que fazer a atualização nos sistemas, pois graças a um desafio viral lançado na plataforma, milhares de carros foram roubados. São mais de 8,3 milhões de veículos elegíveis para a atualização gratuita do software antirroubo: cerca de 3,8 milhões de Hyundais e 4,5 milhões de Kias
O chamado “Desafio Kia” levou a uma série de roubos de carros em todo o país, incluído ao menos 14 acidentes e 8 mortes de acordo com relatórios do National Highway Traffic Safety Administration. Os ladrões nomeados como “Kia Boys” gravaram e publicaram os vídeos dando instruções de como reproduzir o desafio ao contornar a segurança dos veículos utilizando um cabo USB.
Um roubo supostamente fácil de fazer pois muitos modelos Hyundai e Kia 2015-2019 não possuem imobilizadores eletrônicos que impeçam a invasão dos ladrões, que entravam e ignoravam a ignição. Este recurso é padrão em quase todos os veículos feitos por outros fabricantes, no mesmo período. Sendo assim, todos que tiverem estes veículos devem fazer a atualização com brevidade.
A Hyundai e sua subsidiária Kia estão se oferecendo para atualizar a lógica do software de alarme contra roubo: “A atualização de software aumenta a duração do alarme de 30s para 1min; além disso, modifica certos módulos de controle de veículo em veículos Hyundai equipados com sistemas de ignição padrão “chave na mão para iniciar”. Como resultado, trancar as portas com o chaveiro ativará o alarme de fábrica e ativará um recurso de “desligamento de ignição” para que os veículos não possam ser iniciados quando submetidos ao popular modo de roubo. Os clientes devem usar o chaveiro para destravar seus veículos para desativar o recurso “Ignition Kill”.”
Não há dados precisos sobre a quantidade de veículos Hyundai e Kia roubados por conta do desafio Kia, mas estatísticas de cidades individuais fornecem uma ideia de como a tendência se tornou viral. Em Milwaukee, por exemplo, a polícia relata que 469 Kias e 426 Hyundais foram roubados em 2020. Esses números dispararam no ano seguinte para 3.557 Kias e 3.406 Hyundais, de acordo com a NPR.
Os proprietários de veículos são instruídos a levarem seus carros a uma concessionária local, onde os técnicos instalam as atualizações em menos de uma hora. Além disso, os veículos atualizados receberão um decalque na janela indicando que foram equipados com tecnologia antifurto.
“Anteriormente, a Hyundai cobrava dos proprietários pelo menos US$ 170 por kits de segurança para corrigir o problema. Com instalação e mão de obra, esses custos podem subir para US$ 500. A Hyundai e a Kia também ofereciam a alguns proprietários travas nas rodas para evitar roubos. A NTSA diz que as empresas distribuíram 26.000 travas de roda desde novembro de 2022.”

Fonte: The Verge.

🧠 Startup apoiada por Bezos e Gates desenvolve Implante cerebral que controlará computadores com a mente

A startup de interface cerebral com sede nos EUA, Synchron, apoiada pelo fundador da Amazon, Jeff Bezos, e pelo cofundador da Microsoft, Bill Gates, está trabalhando em tecnologia projetada para transformar a vida diária de pessoas com paralisia.
A Synchron faz parte de uma safra emergente de empresas que estão testando tecnologia na indústria de interface cérebro-computador. O Synchron Switch é implantado através dos vasos sanguíneos e permite que os pacientes operem a tecnologia usando apenas suas mentes. Até agora, a tecnologia experimental foi testada em três pacientes nos Estados Unidos e quatro na Austrália.
“Vi momentos entre paciente e parceiro, ou paciente e cônjuge, em que é incrivelmente alegre e fortalecedor ter recuperado a capacidade de ser um pouco mais independente do que antes. Isso os ajuda a se envolver de maneiras que consideramos normais”, disse o CEO da Synchron, Tom Oxley.
A Synchron, fundada em 2012, é membro da crescente indústria de interface cérebro-computador (BCI). Um sistema BCI decodifica sinais cerebrais e os converte em comandos para tecnologias externas. Synchron BCI é inserido através dos vasos sanguíneos, que Oxley chama de “estradas naturais” para o cérebro. Stentrode, um stent Synchron, é equipado com pequenos sensores e entregue a uma grande veia perto do córtex motor. O Stentrode está ligado a uma antena que fica sob a pele no peito e coleta dados cerebrais brutos enviados para fora do corpo, para dispositivos externos.
A tecnologia da Synchron pode ajudar pacientes com paralisia grave ou doenças degenerativas, como esclerose lateral amiotrófica (ALS), a recuperar sua capacidade de se comunicar com amigos, familiares e com o mundo exterior, seja digitando, enviando mensagens de texto ou até mesmo acessando as mídias sociais.
Em dezembro do ano passado, a empresa anunciou uma rodada de financiamento de US$ 75 milhões, com a participação das firmas de investimento Gates e Bezos.
A Food and Drug Administration dos EUA concedeu à Synchron a designação de dispositivo inovador em agosto de 2020, reservada para dispositivos médicos com potencial para melhorar o tratamento de condições debilitantes ou com risco de vida. No ano seguinte, a Synchron se tornou a primeira empresa a receber uma isenção de Dispositivo de Investigação do FDA para realizar testes de um BCI permanentemente implantável em pacientes humanos.
“A Synchron está inscrevendo pacientes em um teste de viabilidade inicial, que visa mostrar que a tecnologia é segura para ser aplicada em humanos. Seis pacientes serão implantados com o BCI da Synchron durante o estudo, e o diretor comercial Kurt Haggstrom disse que a empresa está atualmente na metade do caminho.”
A empresa ainda não gerou receita e um porta-voz disse que a Synchron não comentará quanto custará o procedimento.

Fonte: CNBC

🌊Nova molécula baseada no oceano pode ajudar a combater o Parkinson

Não é uma tarefa fácil e nem um pouco barato recriar moléculas naturais em laboratório com a finalidade produzir novos tratamentos para doenças. Mas os químicos orgânicos da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), na busca de avanço em tratamentos de doenças neurodegenerativas, empregaram uma substância reativa para sintetizar apenas a forma necessária de uma nova molécula possivelmente medicinal, descoberta em uma esponja marinha, tornando a síntese mais eficiente e menos custosa.
Os cientistas argumentam que muitos processos químicos criam não apenas uma versão da molécula presente na natureza, mas também uma forma de imagem espelhada da molécula que pode ser inútil ou até prejudicial, relata o Science Daily .
A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico progressivo que afeta o sistema nervoso e as partes do corpo controladas pelos nervos. Os sintomas começam gradualmente, sendo que o primeiro sintoma pode ser um tremor quase imperceptível em apenas uma das mãos. Tremores são comuns, mas o distúrbio também pode causar rigidez ou lentidão dos movimentos.
Infelizmente não há cura para a doença, mas o tratamento pode ajudar a controlar os sintomas. A esperança é de que a molécula, batizada de “ácido lisodendórico A”, possa oferecer efeitos terapêuticos para a doença de Parkinson e outras doenças neurológicas. O produto químico parece funcionar contra outros compostos que podem prejudicar o DNA, o RNA e as proteínas, além de destruir células inteiras.
Em uma reviravolta incomum, os pesquisadores usaram um composto, há muito negligenciado, chamado aleno cíclico, para controlar uma etapa crítica na cadeia de reações químicas necessárias para produzirem uma versão utilizável da molécula no laboratório. Seu estudo, intitulado “Síntese total de ácido lissodendorico A, via armadilha estereoespecífica de um Allene cíclico tenso”, foi publicado na revista Science.
“A grande maioria dos medicamentos hoje é feita por química orgânica sintética, e um de nossos papéis na academia é estabelecer novas reações químicas que possam ser usadas para desenvolver rapidamente medicamentos e moléculas com estruturas químicas intrincadas que beneficiem o mundo”, disse Neil Garg , Kenneth N. Trueblood, professor de química e bioquímica da UCLA e autor correspondente do estudo.
Garg observou que a grande maioria dos medicamentos de hoje é feita por química orgânica sintética e é um dos papéis da academia estabelecer novas reações químicas que possam ser usadas para desenvolver medicamentos e moléculas que irão beneficiar o público.
Ele disse que a “quiralidade” é um fator chave que complica o desenvolvimento dessas moléculas orgânicas sintéticas, pois muitas delas podem existir em duas formas distintas que são quimicamente idênticas, mas são imagens espelhadas em 3D uma da outra. Cada variante é referida como um enantiômero em que um pode ter benefícios terapêuticos favoráveis e o outro pode não ter nenhum efeito.
Para o estudo, a equipe usou alenos cíclicos como um intermediário em sua abordagem de reação de 12 etapas para resolver a quiralidade e fabricar de maneira rápida e eficaz apenas o enantiômero do ácido lisodendórico A encontrado naturalmente na natureza. Esses produtos químicos extremamente reativos, descobertos na década de 1960, nunca haviam sido empregados para criar moléculas dessa complexidade.
Os pesquisadores perceberam que poderiam usar as propriedades únicas dos compostos para criar uma forma quiral específica de alenos cíclicos, o que levou a processos químicos que criaram quase exclusivamente o enantiômero desejado da molécula de ácido lisodendórico A.
Embora este possa ser o primeiro passo para testar se a molécula pode ter propriedades adequadas para futuras terapêuticas, o método para sintetizar a molécula é algo que pode beneficiar imediatamente outros cientistas envolvidos na pesquisa farmacêutica.

Fonte: scitechdaily

Conheça a incrível tecnologia que faz com que um paciente controle os sintomas do Parkinson

Para finalizar a Carta de hoje, confira o vídeo do paciente, Harry Forestell, portador de Parkinson, que relata como a terapia de estimulação cerebral profunda (DBS) tem ajudado a controlar os sintomas da doença. É realmente incrível a evolução das tecnologias médicas! 👏👏
Harry é apresentador do CBC News New Brunswick at Six e foi um dos pacientes elegíveis para fazer a cirurgia no Canadá, que envolve a implantação de eletrodos finos no cérebro, que emitem pequenos pulsos elétricos. Esses pulsos, aplicados continuamente apenas na seção correta da massa cinzenta, estimulam os centros cerebrais que controlam os sinais enviados aos músculos. Nos gânglios da base, a “casa das máquinas” do cérebro, os sinais são enviados ao corpo ordenando tudo, desde falar, engolir, andar e tocar.

Quando esses sinais não são transmitidos ou quando as instruções são embaralhadas, como nas pessoas acometidas pela doença, a reação do corpo pode ser cruel: as mãos tremem incontrolavelmente, as pernas tremem, andar torna-se cada vez mais difícil e, até engolir, é um desafio. Mas, graças ao tratamento, Forestell e centenas de pacientes podem controlar quase que instantaneamente efeitos debilitantes do Parkinson.

Por hoje é só!

Renato Grau



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