Carta do Especialista 04/11/2022

2022-11-04


Carta do Especialista 🧐
https://bit.ly/2QbkIO3

Sexta-feira, 04 de novembro de 2022.

Não é porque estou no Websummit em Lisboa que deixaria de enviar a Carta do Especialista! 😉 O Halloween acabou mas os pesadelos não…Bem…Talvez através de tecnologia também estejam acabando! Conheça uma iniciativa que irá ajudar a na prevenção da Saúde e envolverá um projeto de mais de 3 milhões de pessoas na Inglaterra. E, ainda falando de Saúde, uma inovadora iniciativa para ajudar no combate ao câncer, a partir de um acelerador de partículas. Fecharemos o dia de hoje com o projeto que envolve o uso de ratos com mochilas, com o intuito de ajudar em terremotos e também algumas reflexões a respeito do futuro de nossos conteúdos…Se chegaremos a um dia em que não conseguiremos mais diferenciar o que foi produzido por um humano do que foi produzido por Inteligência Artificial…🤯 Bora lá?

👻 Sons para acabar com os pesadelos 
Para muitas pessoas a hora de dormir pode ser a melhor parte do dia; para outras pode ser literalmente um pesadelo. Nossos sonhos podem ser divertidos, estranhos e até ruins, mas a comunidade científica não consegue explicar de maneira clara, muito menos saber qual a origem disto acontecer. Alguns dizem que não significam absolutamente nada além de expor áreas potenciais de estresse na vida, outros afirmam que sonhos negativos recorrentes são uma marca registrada de conflitos pessoais não resolvidos.
Seja qual for a causa, pesadelos nunca são bem-vindos, principalmente se acontecem com frequência, pois afetam a qualidade do sono. Casos como este são chamados de pesadelos crônicos e estima-se que 4% dos adultos experimentarão o transtorno em algum momento.
Para contornar a situação, os terapeutas geralmente orientam os pacientes a reformular seus pesadelos e transformá-los em versões positivas e agradáveis. Mas há um novo estudo que pode ser mais eficiente nesta questão: pesquisadores da Suíça desenvolveram um método de terapia auditiva, em que os pacientes utilizando uma faixa na cabeça sem fio durante o sono, irão ouvir um som associado a uma experiência diurna positiva, que os tirarão do pesadelo e os guiarão para um sonho positivo.
“Existe uma relação entre os tipos de emoções experimentadas nos sonhos e nosso bem-estar emocional”, diz o autor sênior Lampros Perogamvros, psiquiatra do Laboratório do Sono dos Hospitais e da Universidade de Genebra. “Com base nessa observação, tivemos a ideia de que poderíamos ajudar as pessoas manipulando as emoções em seus sonhos. Neste estudo, mostramos que podemos reduzir o número de sonhos emocionalmente muito fortes e muito negativos em pacientes que sofrem de pesadelos.”
Os testes foram realizados em 36 pacientes que relataram ter pesadelos crônicos e os separaram em dois grupos: metade não recebeu nenhuma intervenção, enquanto a outra metade passou por um teste diário em que aprendeu a associar uma versão positiva de seu pesadelo a um determinado som. Os pacientes do grupo de intervenção testaram por duas semanas a faixa de cabeça que tocava o som em intervalos regulares durante o sono REM - o estágio do sono associado ao sonho e à consolidação da memória.
A conclusão foi de que embora ambos os grupos tenham experimentado uma redução na intensidade e frequência de pesadelos recorrentes, os pacientes que usaram a faixa tiveram menos pesadelos até três meses após a intervenção. Eles também relataram sonhos mais alegres.
“Ficamos positivamente surpresos com o quão bem os participantes respeitaram e toleraram os procedimentos do estudo. Por exemplo, realizando terapia de ensaio de imagens todos os dias e usando a faixa de dormir durante a noite”, diz Perogamvros. “Observamos uma rápida diminuição dos pesadelos, juntamente com os sonhos se tornando emocionalmente mais positivos. Para nós, pesquisadores e clínicos, essas descobertas são muito promissoras tanto para o estudo do processamento emocional durante o sono quanto para o desenvolvimento de novas terapias.”

Fonte: ZME Science.

📊 Mais de 3 milhões de pessoas envolvidas em projeto de diagnósticos precoces
 Pesquisadores do Reino Unido estão desenvolvendo um projeto que irá diagnosticar e tratar doenças antecipadamente – ou até mesmo impedir que elas se desenvolvam e convidaram cerca de 3 milhões a participar da iniciativa.
O projeto, chamado Our Future Health, acabará recrutando 5 milhões ou mais de pessoas de todas as faixas etárias, com participantes compartilhando seus registros de saúde e dando amostras de sangue, além de ter seu peso, pressão arterial e colesterol medidos e seu DNA analisada.
O líder da pesquisa, professor Sir John Bell, da Universidade de Oxford, comunicou que os sistemas de saúde tendem a ser voltados para o tratamento de pessoas assim que desenvolvem sintomas e geralmente nos últimos estágios de uma doença.
O que ele observou é que, com as novas ferramentas, inclusive aquelas baseadas em genética, seria possível identificar uma doença crônica precocemente ou detectar pessoas com maiores riscos de contrair doenças antes que elas se desenvolvessem, antecipando o tratamento. 
Segundo ele, independente da condição, seja obesidade, câncer ou saúde mental, a princípio o método poderá ser aplicado em todos os casos.
 “O ambicioso projeto criará uma Sandbox (é um ambiente onde você pode testar a sua implementação sem precisar efetuar movimentações reais, baseado na tecnologia blockchain) para testar e avaliar essas estratégias de diagnóstico ou prevenção precoces em uma grande população de pessoas”, disse Bell. “E poderemos usar essa população para nos ajudar a avaliar essas novas ferramentas, diagnosticar doenças precocemente, prevenir doenças de forma mais eficaz e intervir em um estágio inicial”.
Raghib Ali, diretor médico do projeto, disse: “Sabemos disso há muito tempo, que se pudermos intervir e detectar doenças mais cedo, produziremos resultados muito melhores para nossos pacientes”.
Ali acrescentou que a abordagem também economizaria dinheiro do NHS. “A maior parte dos custos dos cuidados está nos estágios finais da doença”, disse ele.
A iniciativa conta com o apoio do governo, indústria de ciências da vida, NHS e instituições de caridade, incluindo Alzheimer's Society, British Heart Foundation e Cancer Research UK. A expectativa é que o esquema seja baseado no sucesso de recursos de pesquisa, como UK Biobank, para se tornar o maior programa de pesquisa em saúde do Reino Unido.
Mas de acordo com a equipe, eles já foram além do esperado, não apenas no recrutamento de um grupo muito maior de participantes, mas também na garantia de que eles vinham de uma ampla gama de origens socioeconômicas e etnias.
Todos os adultos, de diferentes idades, são elegíveis para participar do Our Future Health e o projeto também oferecerá aos participantes a chance de receberem feedbacks sobre seus riscos de várias doenças – inicialmente focado em diabetes e doenças cardíacas.
Os pesquisadores esperam dar às pessoas em risco de condições particulares a opção de participar de programas de triagem ou pesquisas adicionais.
“Para começar a avaliar as intervenções, você precisa ter pessoas suficientes no estudo com risco eminente de doença da qual seja possível avaliar – mas assim que chegarmos lá, tentaremos novas intervenções”, disse Bell. Destacando que entre as áreas de interesse está o uso de terapias imunológicas para o tratamento do câncer em estágio muito inicial.
Por enquanto o recrutamento está sendo inicialmente para adultos em West Yorkshire, West Midlands, Greater Manchester e Greater London, mas qualquer pessoa pode se inscrever e participar.
Segundo a equipe, os dados do paciente perderão a identificação antes de serem usados e o consentimento será solicitado aos participantes em diferentes estágios do projeto.
O projeto contará com um financiamento do governo de 80 milhões de libras, mais 160 milhões de libras de empresas de ciências da vida, todo esse investimento para recrutar e coletar dados iniciais de até 5 milhões de participantes, apesar de a ambição ser ainda maior do que esta.
“Vemos isso como um projeto de 10 a 20 anos”, disse ele, acrescentando que o projeto e sua sustentabilidade eram importantes. “Se não fizermos isso, o NHS e o sistema de saúde entrarão em colapso sob o peso da doença em estágio avançado.”

Fonte: The Guardian

👨‍🔬 CERN investe em aceleradores de partículas para combater câncer
O maior laboratório de física de partículas do mundo, a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), está aplicando seus conhecimentos de física de partículas no tratamento do câncer.
E para isso, contará com a colaboração do Hospital Universal de Lausanne (CHUV) para ampliar os limites da radioterapia e focar em tumores de difícil acesso. A máquina gera feixes de elétrons de altíssima energia – as partículas carregadas negativamente no núcleo de um átomo – com o objetivo de eliminar células cancerígenas de maneira mais direcionada e eficaz.
A expectativa dos cientistas é ajudar a tratar tumores profundos ou aqueles próximos a órgãos sensíveis, como tumores cerebrais, em uma explosão curta, mas intensa de energia que fornece a dose de radiação em algumas centenas de milissegundos em vez de minutos.
Acredita-se que o método tenha o mesmo efeito destrutivo no tumor alvo, mas causa muito menos danos ao tecido saudável circundante.
Embora a radioterapia tradicional crie "danos colaterais", este novo método visa "reduzir a toxicidade para o tecido saudável enquanto ainda danifica adequadamente as células cancerígenas", diz Benjamin Fisch, oficial de transferência de conhecimento do CERN.
A primeira vez que esta técnica foi usada em 2018, teve como base aceleradores lineares médicos atualmente disponíveis,- Linacs, que fornecem feixes de elétrons de baixa energia.
Porém esses feixes não podem penetrar profundamente, o que significa que o tratamento até agora só foi usado em tumores superficiais encontrados em câncer de pele. Aumentar o alcance da radiação com o novo acelerador de alta energia permitirá que os elétrons penetrem muito mais profundamente e ataque tumores que atualmente são muito mais difíceis de alcançar e normalmente fatais.
“São os que não curamos no momento que serão o alvo”, diz o professor Jean Bourhis, chefe do departamento de radiologia do CHUV. “E para esses cânceres em particular, que chegam a ser um terço dos cânceres, pode ser um divisor de águas”
Um dos desafios é o tamanho da máquina; o ideal é que ela seja compacta para caber em um hospital. O gigantesco acelerador linear de partículas consiste em uma viga metálica de 40 metros com tubos embalados em papel alumínio e uma vasta gama de instrumentos de medição e fios e cabos coloridos salientes.
A construção de um protótipo mais compacto – com previsão de medir apenas cerca de 10 metros – deve começar em fevereiro de 2023, enquanto os primeiros ensaios clínicos em pacientes podem começar em 2025.

Fonte: Euronews

🐀 Ratos com mochilas ajudando os seres humanos
Quando pensamos em super-heróis, normalmente nos vem à cabeça personagens grandes e fortes... certo? Bom, talvez eles sejam as melhores escolhas para combater crimes, mas e nos casos de desastres naturais como terremotos e furacões? É melhor contar com os ratos... 🐭
Não acredita em mim? 🤔... vou explicar melhor: edifícios são construções resistentes, mas em casos catastróficos as equipes de busca e resgate que tentam encontrar sobreviventes passam por muitas dificuldades e, é neste momento que um roedor treinado pode ajudar.
O projeto, criado pela APOPO belga sem fins lucrativos, está equipando ratos com pequenas mochilas de alta tecnologia para ajudar os socorristas a procurar sobreviventes entre os escombros em zonas de desastre.
“Os ratos geralmente são bastante curiosos e gostam de explorar – e isso é fundamental para busca e resgate”, diz Donna Kean, cientista de pesquisa comportamental e líder do projeto.
Além de seu espírito aventureiro, seu pequeno tamanho e excelente olfato tornam os ratos perfeitos para localizar coisas em espaços apertados, complementa Kean.
A mais de uma década, cães e gatos vêm sendo treinados na base da APOPO que fica na Tanzânia na detecção de cheiro de minas terrestres. Nos programas são usados ratos gigantes africanos, que tem uma vida útil mais longa em cativeiro de cerca de 8 anos em comparação com os quatro anos de ratos marrons comuns.
Embora o projeto de busca e resgate tenha sido lançado oficialmente apenas em abril de 2021, quando Kean se juntou à equipe, a APOPO estava tentando tirar a ideia do papel há anos, mas não tinha financiamento e um parceiro de busca e resgate para apoiá-lo. Mas quando a organização voluntária de busca e resgate GEA abordou a APOPO em 2017 sobre a possibilidade de usar ratos em suas missões, a equipe começou a explorar a ideia.
Um componente-chave para a missão de busca e resgate foi a tecnologia para permitir que os socorristas se comunicassem com as vítimas através dos ratos. Procurando “aplicar a tecnologia para melhorar vidas” durante seus estudos de mestrado na Eindhoven University of Technology, Sander Verdiesen, o engenheiro elétrico, estagiou na APOPO em 2019 e foi encarregado de criar o primeiro protótipo da mochila de rato, para ajudar os socorristas a localizar as vítimas e entender melhor a situação dentro da zona do desastre.
O protótipo consistia em um recipiente de plástico impresso em 3D com uma câmera de vídeo que enviava imagens ao vivo para um módulo receptor em um laptop, além de salvar uma versão de alta qualidade em um cartão SD. Ele se prendeu aos ratos com um colete de neoprene, o mesmo material usado para roupas de mergulho.
No início os ratos não tinham muita noção de como lidar com o equipamento, mas não demorou muito até que se adaptaram. Mas reduzir o tamanho da tecnologia e adaptá-la para zonas de desastre não tem sido fácil. O GPS não pode penetrar nos escombros densos e detritos de edifícios desmoronados, diz Verdeisen. Uma alternativa é a Unidade de Medição Inercial, um rastreador de localização usado nos saltos das botas dos bombeiros.
Verdeisen também está tentando incluir mais tecnologia, como um microfone de duas vias, enquanto reduz seu tamanho. Pesando cerca de 140 gramas, o protótipo era duas vezes mais pesado do que se pretendia originalmente - embora Verdeisen diga que o volume era mais um problema, com 10 centímetros de comprimento e 4 centímetros de profundidade.
Para torná-lo “o menor possível” sem perder nenhuma funcionalidade, o Verdeisen planeja integrar tudo em uma única placa de circuito impresso, o que liberará mais espaço. Esta versão atualizada da mochila deve ficar pronta ainda este ano, e ele espera que um dia possa ajudar os socorristas “a localizar alguém que de outra forma não seria resgatado”.
Enquanto isso, na Tanzânia, Kean está aumentando a complexidade do ambiente de treinamento dos ratos, “para torná-lo mais parecido com o que eles podem encontrar na realidade”. Isso inclui adicionar sons industriais como perfuração para imitar emergências reais.
Até agora, os resultados são promissores: a partir de suas observações, Kean diz que os ratos estão respondendo bem às simulações cada vez mais difíceis: “Eles precisam ser superconfiantes em qualquer ambiente, sob quaisquer condições, e isso é algo em que esses ratos são naturalmente bons.”
Isso tudo é feito com muito cuidado e preservando o bem-estar dos animais. Os ratos são treinados em sessões de 15 minutos, cinco dias por semana, e vivem sozinhos ou com irmãos do mesmo sexo em gaiolas domésticas, onde também vivem seus dias quando se aposentam da vida profissional.
Com uma dieta de frutas e vegetais frescos, eles também têm brincadeiras diárias em uma sala de jogos personalizada – embora, para os ratos de busca e resgate, o treinamento seja muito semelhante, “apenas com um pouco de direção”, diz Kean.
O programa ainda está em desenvolvimento, mas Kean estima que levará pelo menos 9 a 12 meses para treinar cada rato. Por enquanto, a equipe está focada em colocar os ratos em sua primeira fase de treinamento – e espera que um dia, em campo.

 Fonte: CNN.

🤖 Especialistas acreditam que em 2025 99,9% dos conteúdos da internet serão gerados por IA
Atualmente, está se tornando cada vez mais comum encontrar conteúdos gerados por IA na internet. E alguns especialistas acreditam que à medida que esta tecnologia avança e se torna gratuita, tudo mudará. Será muito mais difícil distinguir conteúdos criados por humanos no mar infinito de artigos, livros, músicas, vídeos e imagens criados por robôs.
A maioria das pessoas já não conseguem mais diferenciar hoje, desde o lançamento do GPT-3 em 2021, disponível para desenvolvedores. Esse modelo de linguagem avançado usa tecnologia de IA de aprendizado profundo para criar textos escritos muito semelhantes a textos escritos por humanos. Sistemas de IA semelhantes também podem criar imagens sintéticas, vídeos e músicas que são indistinguíveis de seus equivalentes criados por humanos.
De acordo com Timothy Schoup , Conselheiro Sênior do Instituto de Estudos do Futuro de Copenhague (CIFS), “No cenário em que o GPT-3 se solta, a internet ficaria completamente irreconhecível.” Schoup prevê que 99% a 99,9% de todo o conteúdo da internet será gerado por IA entre 2025 e 2030.
Escrevendo para o CIFS, o futurista Sofi Hvitved declarou o seguinte em fevereiro de 2022: “Não é segredo que o desenvolvimento de conteúdo gerado automaticamente com processadores e geradores de linguagem natural como o GPT-3 está crescendo. GPT significa Generative Pre-trained Transformer e é um modelo de linguagem treinado em trilhões de palavras da internet. Foi criado pela OpenAI, cofundada por Elon Musk e financiada pela Microsoft, entre outros.”
Resumidamente, é um modelo de linguagem que usa aprendizado profundo para produzir texto semelhante ao humano. A versão completa do GPT-3 contém 175 bilhões de parâmetros, mas outros modelos foram lançados, como o Wu Dao 2.0, que possui 1,75 trilhão (!) de parâmetros.
No início deste ano, a OpenAI lançou o DALL-E, que usa uma versão de 12 bilhões de parâmetros do GPT-3 para interpretar entradas de linguagem natural e gerar imagens correspondentes. DALL-E agora pode criar imagens de objetos realistas, bem como objetos que não existem na realidade.”
É questão de tempo até que programas de TV filmes e músicas também sejam criados gradualmente. E serão mais interativos e infinitamente mais divertidos e viciantes. Imagine que você quer ver um remake do clássico filme Casablanca, mas desta vez é estrelado por Brad Pitt.
Basta pedir a IA e ela criará uma nova versão de acordo com a sua preferência. completa com ajustes de enredo e irá refletir os valores sociais atualizados e a visão de mundo que a IA (e seus controladores) deseja promover para você.
Sem dúvida, assustador, mas muito provável, o conteúdo gerado por IA do futuro será tão interessante e viciante que você não se importará se estiver promovendo uma visão de mundo com a qual não concorda. Para muitas pessoas e crianças, consumir esse conteúdo será muito mais divertido do que passar tempo com amigos e familiares no mundo real. Se você acredita que o vício em celulares é ruim imagine isso em uma escala maior.
Em 2019, um pesquisador provou que poderia criar uma escrita gerada por IA que fosse tão real que as autoridades do governo dos EUA não conseguiram detectar que não foi escrita por um humano. Eles o aceitaram como conteúdo escrito por humanos.
O mesmo cientista realizou um teste de Turing para determinar se humanos treinados especificamente para detectar texto gerado por IA poderiam distinguir entre robô e conteúdo escrito por humanos. Eles só conseguiram cerca de 50% do tempo.
Veja o que o estudo descobriu:
“Em alguns grupos de pesquisa, até  87% dos entrevistados confundiram uma imagem gerada por IA com uma foto real de uma pessoa . Apenas 62% dos entrevistados interessados em IA e aprendizado de máquina conseguiram responder mais da metade das perguntas corretamente. Entre os demais entrevistados, mais de 64% estavam errados na maioria das vezes.”
Se isto aconteceu em 2019, imagine o quão avançada está atualmente ou estará no futuro...
A previsão é de que tudo será sintético. Os bots de IA usarão o conteúdo de IA para escrever mais conteúdo. Os bots de IA entrevistarão pessoas reais e monitorarão vídeos e postagens de plataformas de mídia social para encontrar notícias para relatar. Isso também permitirá que a IA entenda o pulso da opinião humana e determine como gerar e dirigir essas opiniões.
Além disso, ao monitorar as mídias sociais, a IA ficará cada vez melhor em direcionar o discurso e o pensamento do público com seu conteúdo, escrita, arte, música e vídeos. Será difícil – se não impossível – para qualquer pessoa escapar desse fluxo de informações criado pela IA.
Um ponto de atenção: como serão os governos autoritários que detém o poder das IAs? Os sistemas e plataformas serão centralizados e governados por alguns controladores humanos – como a Microsoft, que investiu US$ 1 bilhão para desenvolver a tecnologia de escrita GPT-3. Em última análise, aqueles que possuem e controlam as plataformas de IA controlarão em quais posições e opiniões os escritores de IA podem se concentrar, defender, discutir e fornecer evidências. Esses bots abafarão quaisquer vozes que entrem em conflito com a versão oficialmente sancionada de "verdade".
Eventualmente, a IA poderá chegar ao nível de inteligência e se tornar autoconsciente. A previsão é de que quanto mais consumirmos conteúdos gerados por IA, menos saberemos identificar conteúdos gerados por humanos. Chegando ao ponto em que ideias únicas e originais serão silenciadas e não terão espaço nos meios de comunicação.
Nos casos de censura, ela não será mais necessária, pois 99,9% das vozes manterão um posicionamento específico, o controle estará nas mãos de quem está por trás das IAs. Neste cenário bizarro pode haver uma luz no fim do túnel: tecnologia para combater a tecnologia.
Será que a tecnologia blockchain poderia ser usada para criar uma assinatura digital que prova que um ser humano criou algo? ou poderia ser usada para criar um registro permanente de todo o conteúdo criado por humanos de agora e do passado para impedir que a IA edite nossa história?
Se houvesse uma maneira de certificar que algo foi criado por humanos por meio de uma assinatura blockchain, você poderia ter um mecanismo de pesquisa que procurasse apenas conteúdo humano certificado? Dessa forma, os pesquisadores da Internet poderiam se isolar da exposição contínua a uma “realidade” sintética orientada por IA.
Talvez a solução funcionasse como um NFT, e apenas o detentor de uma chave de propriedade humana verificada seria capaz de publicar sob uma assinatura digital específica. O processo de verificação – e a honestidade do detentor da chave – ainda precisa ser trabalhado, mas todo o resto seria fácil.
Existem alguns problemas potenciais com essas soluções: mesmo que sejam possíveis, os criadores humanos certificados ainda seriam fortemente influenciados pela enorme carga de conteúdo de IA na Internet. Seria cada vez mais difícil para os criadores de conteúdo humano pensar de forma independente, simplesmente porque pessoas, escritores e artistas terão acesso a menos ideias únicas, novas e divergentes.
Bem, talvez exista uma alternativa mais simples e viável: os livros antigos. Boa parte do que existe agora não foi originalmente pensado por nós, vieram dos nossos ancestrais. Baseado e documentado em suas vidas cotidianas e sabemos que os livros foram escritos por seres humanos – essa carta com certeza foi rs 😂.
De certa forma, somos muito capazes de nos adaptar em cenários caóticos como este, mas a nossa tendência é sempre voltar para a base. Aparentemente, os pesquisadores que analisam os dados e avanços das tecnologias, enxergam o “modus operandis” dos humanos de forma linear, o que na minha percepção é uma análise equivocada, pois o nosso comportamento acontece de forma circular, sempre que chegamos a um extremo a tendência é voltar para a harmonia.
Inevitavelmente nosso interesse por conteúdos realmente humano provavelmente perdurará pois faz parte de nós. Ufa... 😮‍💨

Fonte: Harckermoon 

Por hoje é só, até semana que vem! 🤝
Renato Grau


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