Carta do Especialista 02/09/2022

2022-09-02


Carta do Especialista 🧐
https://bit.ly/2QbkIO3

Sexta-feira, 02 de setembro de 2022.

Hoje começamos a newsletter com inovações disruptivas: um método inovador de criação de órgãos em humanos e, acredite: cientistas criaram um material capaz de “pensar”. E, como já está virando costume nas últimas semanas, Inteligência Artificial continua dando o que falar: pesquisadores desenvolveram uma tecnologia de leitor de mentes para criar imagens com IA; e o mais novo modelo revolucionário de arte utilizando esta tecnologia. Finalizamos com a Amazon querendo virar o novo “Big Brother”…

Tudo isso e muito mais!

🫁 Será possível recriar órgãos em humanos?

A empresa LyGenesis, está desenvolvendo um novo tratamento para pessoas com doenças hepáticas. Um jovem voluntário em breve será o primeiro a testar o método que criará um fígado em seu corpo. E isso é apenas o começo – nos meses seguintes, outros voluntários passarão por testes que podem deixá-los com até seis fígados em seus corpos.

O projeto visa salvar pacientes em estágios avançados, não elegíveis para fazer um transplante. Inicialmente os médicos irão injetar células hepáticas de um doador nos linfonodos (são pequenas estruturas que percorrem o corpo todo, e cuja função é filtrar substâncias nocivas, enquanto produzem células que ajudam a combater infecções), de receptores doentes, o que pode dar origem a órgãos em miniatura inteiramente novos. Esses pequenos fígados devem ajudar a compensar um doente já existente.

A abordagem testada em animais – camundongos aparentemente funcionou, resta saber se terá sucesso em humanos.

Uma vez bem-sucedido, o tratamento pode ser revolucionário, tendo em vista não só a escassez de doações de órgãos, mas também que nem todos podem ser usados, pois há a possibilidade de o tecido estar muito danificado. Ao recriar fígados a partir de células hepáticas, os pesquisadores estimam poder tratar 75 pessoas com uma única doação. Que eles estejam certos e tanta gente possa ser ajudada com esta tecnologia! 🙏

Lagasse, bióloga de células-tronco da Universidade de Pittsburgh, e seus colegas injetaram as células no baço de camundongos com doença hepática. Eles descobriram que as células foram capazes de migrar do baço para o fígado. Para descobrir se eles poderiam migrar de outros órgãos, a equipe de Lagasse injetou células hepáticas em vários locais do corpo dos camundongos.

Apenas um pequeno número de ratos sobreviveu. Quando Lagasse e seus colegas mais tarde realizaram autópsias nesses sobreviventes, “fiquei muito surpreso”, lembra ele. “Tínhamos um mini fígado presente… onde estaria o linfonodo.”

Olhando para o futuro: a empresa pretende ir além com esta tecnologia ao explorar o uso de linfonodos para cultivar novos timos, rins e pâncreas. Por enquanto a prioridade são os fígados.

“Conseguimos desenvolver rins ectópicos e um timo ectópico… e células beta pancreáticas para ajudarem a regular os níveis de açúcar no sangue de animais com diabetes”, diz ele. A abordagem da empresa também pode ser útil para implantar organóides – pequenos aglomerados de células semelhantes a órgãos, cultivados em laboratório – em pessoas, diz Gouon-Evans.

Saiba mais no MIT Technology Review.

💭 Cientistas descobrem material capaz de “pensar”

Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia e da Força Aérea dos Estados Unidos desenvolveram um material capaz de “pensar”! Você consegue imaginar isto? 🤔

“- Criamos o primeiro exemplo de um material de engenharia que pode sentir, pensar e agir simultaneamente, quando submetido a estresse mecânico, sem precisar de circuitos adicionais para processar esses sinais”, afirma Ryan Harne, professor de engenharia da instituição, em matéria do The Independent.

Trata-se de uma tecnologia baseada em circuitos integrados, que normalmente contam com semicondutores de silício (os mesmos utilizados em chips de aparelhos eletrônicos, por exemplo), para processar informações de maneira semelhante ao cérebro humano.

“O polímero macio age como um cérebro que pode receber sequências digitais de informações que são processadas, resultando em novas sequências de dados digitais que podem controlar reações”, diz o professor Harne.

A equipe demonstrou a descoberta numa apresentação em que ilustra as habilidades do material fazendo com que ele resolvesse problemas de aritmética complexa. A tecnologia também poderia ser utilizada para detectar frequências de rádio, por exemplo, em sistemas de busca e resgate. Outra aplicação seria em materiais bio-híbridos, que podem identificar e neutralizar patógenos transportados pelo ar.

O próximo passo que os cientistas almejam: enxergar. Eles querem desenvolver o material a ponto de processar informações visuais da mesma forma que ele “sente” sinais físicos.

“Nosso objetivo é criar um material capaz de navegar de forma autônoma em um ambiente vendo sinais, seguindo-os e saindo do caminho de forças adversas, como algo pisando nele”, exemplifica o pesquisador.
Saiba mais no PennState

📸 Uma câmera “Polaroid” digital e…Cerebral!

Estamos cada vez mais próximos de uma tecnologia de “leitura de mente” eficiente … Se você acompanhou minhas últimas cartas, talvez se lembre do projeto chinês que detecta quando alguém vê imagens pornográficas… 😳

Lembra-se da máquina fotográfica Polaroid, que imprimia a foto na hora? A nova versão que está sendo lançada é BEM mais avançada…Pesquisadores da Universidade Radboud, na Holanda, desenvolveram uma tecnologia para traduzir ondas cerebrais em imagens fotográficas. O estudo publicado em janeiro apresentou bons resultados no experimento.

Dois voluntários entraram em um scanner de ressonância magnética, para fazer a leitura cerebral, conhecido como fMRI. Este equipamento é capaz de detectar a atividade cerebral de forma não invasiva, a partir de alterações de fluxo sanguíneo.

Uma vez dentro, os participantes visualizaram imagens de rostos enquanto o fMRI escaneava a atividade neuronal nas áreas do cérebro responsáveis pela visão. Os dados foram enviados para o algoritmo de inteligência artificial, que fez a tradução das informações ao construir uma imagem precisa do que se passava na cabeça dos voluntários.

Os resultados do experimento foram impressionantes. Segunda a neurocientista cognitiva e coordenadora da pesquisa, Thirza Dado, o estudo abre margem para que os sistemas fMRI possam fazer uma leitura efetiva da mente no futuro.

“Acreditamos que poderemos treinar o algoritmo não apenas para retratar com precisão um rosto que você está vendo, mas também qualquer rosto que imagine vividamente”.

A aplicação da tecnologia poderá ser feita em casos de retrato falado mais preciso, por exemplo. Inclusive, para decodificar e recriar experiências subjetivas, como sonhos. “Esse conhecimento tecnológico também pode funcionar em aplicações clínicas, como a comunicação com pacientes em coma profundo”, afirmou.

Agora, a equipe pretende usar o método para restaurar a visão de pessoas que ficaram cegas por doença ou acidente com o desenvolvimento de câmeras de implante cerebral.
Saiba mais no Peta pixel.

🌅 Até que ponto uma Inteligência Artificial não pode ser considerada artista?

Recentemente, a Stability.aí, empresa fundada e financiada pela Emad Mostaque, anunciou o lançamento do modelo de arte baseado em IA “Stable Diffusion”, já sendo considerado um dos mais importantes dos últimos tempos.

Talvez você esteja imaginando que este é mais um no mundo da arte de IA, no entanto, é muito mais do que isso e por duas razões:

☝️ Primeiro, diferente do DALL-E 2 – modelo mencionado em cartas anteriores –, o “Stable Diffusion” está disponível como código aberto. Isso significa que qualquer desenvolvedor pode criar, gratuitamente, aplicativos direcionados para tarefas específicas de criatividade de texto para imagem, possibilitando uma rápida evolução da plataforma. Pra quem é da área, saiba que algumas pessoas já estão desenvolvendo o Google Colabs (por Deforum e Pharmapsychotic ), um plugin do Figma para criar designs a partir de prompts, e o Lepica.art , um mecanismo de busca de prompt/image/seed.

✌️E segundo, ao contrário do DALL-E, o Stable Diffusion pode criar obras incríveis de artes foto realistas e artísticas. Ele incorpora os melhores recursos do mundo da arte de IA.

Sem dúvida é um dos modelos mais sofisticados existentes de código aberto. Um marco inédito que terá grandes consequências. Alguns desenvolvedores já estão criando aplicativos em que você poderá usar em breve em seu trabalho ou por diversão.

Acesse o The Algorithmic Bridge e veja algumas artes incríveis!

👁️‍🗨️ O império de vigilância da Amazon

As recentes compras multibilionárias da Amazon, One Medical e iRobot, chamaram a atenção de legisladores, defensores antitruste e especialistas em privacidade, pois o amplo modelo de negócios da empresa – e a reputação de vigiar consumidores e concorrentes – torna a Amazon quase imparável.

Acredito que todos se lembrem que a Amazon começou como uma alternativa às livrarias físicas, foi ganhando mercado e popularidade e, nos anos seguintes investiu em uma variedade maior de itens de diversos fabricantes, arrebatando mais da metade do mercado de varejo online. Atualmente a empresa tem a sua própria linha de produtos – que podem ser muito úteis no seu dia a dia mas, talvez você não tenha se dado conta: através deles, estão vigiando cada passo seu.

“As pessoas tendem a pensar na Amazon como um mercado online, mas, na verdade, a Amazon é uma empresa de vigilância”, disse Greer ao Insider. “E todos os aspectos de seu lucro derivam de sua capacidade de acumular e alavancar dados.”

Nem os funcionários escapam da vigilância; tudo é documentado, desde sua métrica de “tempo de folga” que mede a produtividade até o monitoramento de seus motoristas de entrega com câmeras de IA. Padrões tão rígidos que os funcionários relatam ter medo de fazer pausas no banheiro, para não ficarem para trás, conforme declararam motoristas e trabalhadores em um dos depósitos.

Os dados do consumidor são especialmente valiosos e a empresa faz uso extensivo deles. Cada clique no site, independentemente de você decidir comprar um item ou não, coleta dados sobre o comportamento do consumidor e informa à gigante da tecnologia se você verifica avaliações ou compra de preços antes de concluir uma compra e com quais anúncios você interage, além de detalhes como suas informações de pagamento e endereço.

E não para por aí, os dados que a Amazon tem acesso não se limitam ao seu portal de comércio eletrônico. A empresa também pode coletar informações sobre quais filmes e programas de televisão você assiste em sua plataforma de vídeo Prime, quais livros você lê ou ouve com a propriedade de GoodReads e Audible, quais podcasts você escuta através do Wondery, os jogos que você joga no Twitch, seu endereço IP e uso de dados por meio de sistemas de roteadores Eero e até mesmo quais mantimentos você compra nos locais Whole Foods e Amazon Fresh. Nem todas estas alternativas ainda estão disponíveis no Brasil mas, do jeito que tudo caminha, em breve estarão.

Mas…Calma!!! ✋ Este não é um artigo para assustar você, mas para conscientizá-lo de que, a cada dia que passa, somos mais vigiados, a partir da internet e de nossos dispositivos conectados.

“Tudo isso funciona em conjunto porque a Amazon está tentando da melhor forma possível canalizar informações sobre a vida de seus clientes, sobre seus hábitos de consumo, alimentares, de sono e de compras”, Ron Knox, pesquisador sênior e escritor do Institute for Local Self-Reliance. “Eles estão rastreando todos esses dados para que possam nos vender melhor. É isso que a Amazon quer fazer, é nisso que se baseia seu monopólio.”

Todas as empresas buscam maneiras de serem competitivas e sem dúvida a bilionária Amazon é expert neste quesito.

Saiba mais no Business Insider.

Por hoje é só, até semana que vem! 👋

Renato Grau



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